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Qui, 13 Dez 2018 13:16:00 -0200
PROANTAR mantém continuidade de projetos e investe em novas pesquisas
O CNPq, em parceria com o MCTIC, a Capes e o FNDCT, divulgou esta semana o resultado da chamada do PROANTAR. Foram aprovados 16 projetos de pesquisas que contemplam as orientações do Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR - Scientific Committee on Antarctic Research) e do documento Ciência Antártica para o Brasil - Plano de Ação 2013 a 2022.O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) divulgou esta semana o resultado da chamada CNPq/MCTIC/CAPES/FNDCT Nº 21/2018 - PROANTAR. Foram aprovados 16 projetos de pesquisas que contemplam as orientações do Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR - Scientific Committee on Antarctic Research) e do documento Ciência Antártica para o Brasil - Plano de Ação 2013 a 2022.
Representando um investimento total de cerca de R$ 15 milhões, o apoio envolve, também, a concessão de 41 bolsas de pós-graduação fornecidas pela Capes. Os projetos abrangem questões ambientais, climáticas, médicas e tecnológicas. As pesquisas apoiadas estão relacionadas a mudança do clima, ventilação oceânica e ciclo do carbono, absorção do gás carbônico atmosférico, efeitos das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos antárticos, pesquisa de microrganismos oriundos do ambiente marinho com potencial biotecnológico, bioprospecção de substâncias para uso na medicina, indústria e agricultura, registro de fósseis, aspectos biológicos, neurobiológicos e sociais relacionados às pessoas que participam das expedições na antártica em regime de confinamento, entre outros.
Criosfera I, construída com recursos do MCTIC e CNPq, uma das bases de pesquisa do continente Antártico. Foto: INCT Criosfera/Divulgação
O pesquisador Jefferson Cardia Simões, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, coordenador de um dos projetos aprovados, ressalta que essa chamada é resultado de um esforço político da comunidade acadêmica, gestores públicos e parlamentares para que os recursos fossem garantidos para a manutenção do programa. "Representa uma virada no programa. A chamada foi desenhada para garantir projetos ainda mais qualificados, com pesquisas de interesse da sociedade brasileira", afirma Simões.
O pesquisador, que atua em pesquisas antárticas de forma pioneira no Brasil e desde o início do PROANTAR e também coordena o INCT da Criosfera, explica que a ciência já aponta a Antártica como região tão importante quanto a Amazônia para o meio ambiente mundial. Segundo ele, as pesquisas no continente antártico contribuem, por exemplo, para conhecimento sobre mudanças climáticas, previsão meteorológica, monitoramento da poluição no planeta, entre outras. Um dos achados de pesquisas das quais Jefferson participa, com testemunhos do gelo, é a presença do arsênico das minas de cobre do Chile, o que demonstra que as camadas de gelo da Antártica guardam uma importante história do clima e da química atmosférica.
Dentre os novos projetos apoiados pelo programa, estão a pesquisa sobre saúde mental no isolamento Antártico, coordenada pelo professor Jairo Werner Junior, da Universidade Federal Fluminense e o estudo de múltiplas fases do carbono orgânico e metais no ecossistema subantártico, coordenada pelo pesquisador César de Castro Martins, da Universidade Federal do Paraná, bolsista PQ do CNPq.
Veja aqui o resultado completo.
Estação Antártica
Após incêndio que destruiu a estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), em 2012, a nova base está prevista para ser inaugurada em março de 2019, proporcionando condições de pesquisas mais favoráveis. Hoje, as pesquisas são feitas nos navios polares e nos acampamentos devido às obras de reconstrução da estação. Com a nova estação os pesquisadores terão mais laboratórios, dezessete no total, para incrementar as análises de suas pesquisas. Jefferson Simões explica que, apesar da perda da estação não ter paralisado completamente as pesquisas no continente, cerca de 25% dos estudos feitos na região dependem dessa base.
Reconstrução da Estação na Antártica. Foto: Ministério da Defesa/Divulgação
O PROANTAR
O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) é um programa de Estado cujo objetivo é a produção de conhecimento científico sobre a Antártica e suas relações com o restante do sistema climático global. Ele garante a presença da comunidade científica brasileira na Antártica desde o verão de 1982/83. De acordo com o artigo IX do Tratado da Antártica, os países que se tornaram membros por adesão, como é o caso do Brasil, devem manter na região um programa científico de excelência, de forma que possam participar das reuniões consultivas que decidem o futuro da região com direito a voz e voto, inclusive com atuação no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) órgão interdisciplinar do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), responsável por promover, desenvolver e coordenar a investigação científica internacional de alta qualidade na região Antártica, inclusive o Oceano Antártico.
O CNPq participa da consecução dos objetivos científicos do programa desde 1991, sendo responsável pelo financiamento das pesquisas científicas na Antártica. Junto com o MCTIC é responsável pelo fomento e pela coordenação da execução das pesquisas científicas realizadas pelas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs). A implementação logística do PROANTAR está a cargo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), vinculada ao Comando da Marinha (Ministério da Defesa - MD). Também são parceiros na execução do Programa o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), entre outros atores do setor público (PETROBRAS) e privado.