Projetos de Pesquisa

 

Foto de perfil

Andre Felipe Candido da Silva

Ciências Humanas

História
  • a amazônia como microcosmo do antropoceno: a história das pesquisas transnacionais em ecologia amazônica e os impactos ambientais da grande aceleração (1952-2002)
  • Em função do papel que a Amazônia desempenha na regulação climática e hidrológica e na biodiversidade, o escalonamento da devastação da floresta desde 2019 vem provocando inquietação entre os especialistas e a esfera pública. A aceleração dessa devastação e as expectativas de futuro que ela estabelece tornam a região um “microcosmo do Antropoceno”, catalisando as transformações, dilemas e desafios desta nova época geológica caracterizada pelo impacto global da ação humana no planeta. As mudanças sem precedentes ocorridas na bacia amazônica nos últimos 70 anos estão ligadas à Grande Aceleração, conjunto de processos socioeconômicos e biogeoquímicos que caracteriza o início do Antropoceno. O objetivo deste projeto de pesquisa é analisar o papel da Amazônia na Grande Aceleração entre os anos de 1952 e 2002 a partir de três aspectos: 1) a história das redes cientificas nacionais e transnacionais dedicadas a compreender sua ecologia e papel na regulação climática e hidrológica e nos estudos de biodiversidade, com foco na cooperação de instituições brasileiras com instituições alemãs, francesas e estadunidenses; 2) as intervenções ambientais orientadas por projetos de exploração de recursos primários associados às demandas globais da Grande Aceleração e aos projetos desenvolvimentistas nacionais, sejam commodities agrícolas, minérios ou recursos energéticos; 3) o processo de globalização política por meio do qual a floresta amazônica tornou-se um ícone do movimento ambientalista internacional contemporâneo, figurando como sinônimo de floresta tropical e avatar do futuro da humanidade no planeta. As ciências e a tecnologia perpassam esses três aspectos uma vez que conferem visibilidade e sentido às transformações que assinalam o impacto das ações antrópicas nas dinâmicas ecológicas. Embasam, modelam e legitimam os tropos do discurso ambientalista. Além disso, planejam e viabilizam as intervenções destinadas à exploração de recursos: alimentam as demandas das cadeias globais aquecidas pela industrialização e crescimento econômico; e atendem aos objetivos políticos e econômicos do Estado nacional brasileiro, engajado em integrar a região amazônica ao território nacional por meio de projetos inspirados pelo ideário do desenvolvimento. Também buscaram antecipar os riscos e minorar os impactos ambientais das próprias intervenções modernizantes no bioma. Pretende-se, desta forma, sublinhar o papel ambivalente que as expertises, o conhecimento técnico-científico e as tecnologias desempenham nos processos do Antropoceno, reconhecendo a centralidade das ciências e da tecnologia na nova época geológica tanto como designação de um estado de relações socionaturais, quanto como ferramenta epistêmica. O período de análise do projeto – de 1952 a 2002 - corresponde às balizas da Grande Aceleração, ao auge da “era do desenvolvimento” no Brasil e no cenário global, e em grande parte sobrepõe-se à Guerra Fria, quando estruturou-se a pesquisa científica no modelo da Big Science. Por meio de grandes projetos transnacionais de cooperação científica, baseados em instrumentos, operações e metodologias de alta complexidade, desenvolveram-se as chamadas “Ciências do Sistema Terra”, no âmbito das quais as mudanças climáticas e o Antropoceno ganharam visibilidade. Este projeto tenciona investigar qual o lugar da região amazônica no desenvolvimento histórico desses saberes e práticas em um período em que ela passou por uma inflexão de sentido - de paisagem regional a ser ocupada, integrada e explorada pelos anseios de modernização do Estado brasileiro, tornou-se um bioma de relevância global. O desenvolvimento dessa pesquisa envolve articulação original na historiografia brasileira e internacional entre a história das ciências, os estudos sociais das ciências e a história ambiental. Prevê a coleta de fontes documentais em arquivos europeus e estadunidenses, além de depoimentos de história oral. O enquadramento da proposta e os argumentos que pretende desenvolver baseiam-se nos enunciados da história transnacional/ história conectada. Compreende também o diálogo com o conceito do Antropoceno/ Grande Aceleração como ferramenta heurística para a análise histórica dos profundos entrelaçamentos das sociedades humanas com a materialidade da rede da vida e das dinâmicas ecológicas. O projeto alinha-se aos objetivos deste edital, abordando temática que representa um dos principais desafios do debate socioecológico e político da contemporaneidade, que é o destino da região amazônica, seu papel nos processos regionais e globais do Antropoceno e no discurso da sustentabilidade. Nesse sentido, fortalece o engajamento da Casa de Oswaldo Cruz e da Fiocruz no debate sobre sustentabilidade, mudanças climáticas e sobre o lugar das ciências e da saúde na elaboração de políticas públicas e na discussão de projetos para o futuro do país, além de integrar-se aos objetivos da Cátedra Oswaldo Cruz da Unesco. Reúne equipe de instituições brasileiras e estrangeiras diversas, com pesquisadores e estudantes que possuem investimentos prévios de estudo relacionados aos temas que desenvolverão na pesquisa. Grande parte da equipe já possui parcerias desenvolvidas em projetos anteriores ou diálogos estabelecidos em encontros acadêmicos especializados e compõe grupo de pesquisa certificado pelo CNPq. A proposta prevê a produção do conhecimento em história e divulgação em periódicos especializados, em livros acadêmicos e em encontros científicos, como também a realização de atividades de divulgação científica e de educação, tanto na web, como em museus e escolas. Contribui para a formação de recursos humanos especializados no campo da história das ciências e da história ambiental em nível de pós-graduação e graduação, mas também impacta na formação em nível escolar por meio de atividades de educação ambiental concernentes à Amazônia e ao Antropoceno na perspectiva da história e das humanidades ambientais.
  • Fundação Oswaldo Cruz - RJ - Brasil
  • Fri Oct 29 00:00:00 BRT 2021-Thu Oct 31 00:00:00 BRT 2024
Foto de perfil

André Guimarães Brasil

Ciências Sociais Aplicadas

Comunicação
  • retomar as imagens, retomar a história: cinema-processo e luta por direitos em filmes brasileiros contemporâneos
  • Este projeto parte da atenção à produção contemporânea de cinema no Brasil, tendo em vista três aspectos interrelacionados: a autoria coletiva ou compartilhada, a retomada dos arquivos de imagens para a elaboração reversa da história, e a devolução dos acervos às comunidades onde eles foram gestados. Trata-se do desdobramento de uma pesquisa dedicada especificamente aos filmes realizados por diretores ou coletivos indígenas. Aqui, estratégias de criação e elaborações formais percebidos no âmbito do chamado cinema indígena são correlacionadas a experiências fílmicas em outros domínios (filmes realizados em comunidades quilombolas, ocupações urbanas e assentamentos rurais, espaços de religiões afro-brasileiras etc.). Em vários destes trabalhos, se notam processos de coletivização da autoria dos filmes, que são convocados a participar de relações de socialidade que os constituem e os atravessam. Essa autoria compartilhada passa muitas das vezes pela retomada de arquivos históricos ou recentes que são assistidos conjuntamente pela comunidade, em um movimento de retro-alimentação da criação das imagens. Os arquivos tornam-se objeto de uma experiência de reelaboração coletiva da história, algo que se registra na filmagem e se retoma na montagem. Ao serem feitos de modo engajado em processos de luta e retomada de direitos (à terra, à moradia, à igualdade de oportunidades etc.), os filmes criam acervos que são, muitas vezes, devolvidos às comunidades de origem, induzindo experiências de elaboração das imagens, de modo a incidir em mobilizações no presente destas comunidades. Essas estratégias e operações fílmicas nos permitem pensar uma profícua produção recente sob a chave do cinema-processo, espécie de cinema sem fim, no qual as idas e vindas das imagens entrelaçam o cinema ao vivido, a história ao presente, e os filmes às relações de onde surgem e nas quais intervêm.
  • Universidade Federal de Minas Gerais - MG - Brasil
  • Thu Feb 03 00:00:00 BRT 2022-Fri Feb 28 00:00:00 BRT 2025