Projetos de Pesquisa

 

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Valdemar Rodrigues de Pinho Neto

Ciências Sociais Aplicadas

Economia
  • acessibilidade aos serviços: proximidade às unidades de saúde e a importância do atendimento adequado na redução da mortalidade materna e infantil por causas evitáveis
  • Nas últimas décadas, o Brasil passou por grandes mudanças sociais e econômicas que se refletiram na melhoria de vários os indicadores de saúde da população, incluindo reduções nos índices de mortalidade materna e infantil (Leal et. al. 2018). Apesar dos avanços, ainda ocorrem cerca de 59,1 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos e 12,4 mortes de crianças até 1 ano de idade a cada mil nascidos vivos. Entre os óbitos maternos, 67% decorre de causas obstétricas diretas: complicações na gravidez, parto ou puerpério. No caso dos óbitos infantis, cerca de metade deles ocorrem até o sexto dia após o parto. Ambas as observações sugerem que grande parte das mortes maternas e infantis poderiam ser evitadas, sendo decorrentes de intervenções desnecessárias, omissões ou tratamentos incorretos. Nessa pesquisa, iremos explorar variações no acesso, decorrentes das distâncias da residência para os hospitais próximos, e variações nos serviços oferecidos às gestantes em cada unidade de saúde. A assistência que as gestantes recebem durante o pré-natal ou no parto exibe bastante variabilidade, tanto na composição e características da equipe atendente (e suas práticas) quanto na estrutura disponível em cada hospital. De forma mais importante, o tipo de atendimento recebido depende mais da proximidade da residência da gestante às unidades de saúde, e menos das preferências da paciente ou mesmo seus fatores de risco. As distâncias são particularmente importantes no contexto do Brasil, onde as mortes maternas estão principalmente ligadas à demora no transporte para hospitais com instalações adequadas e atendimentos de maior complexidade, ou à demora na provisão do tratamento mesmo dentro do hospital apropriado. Inicialmente, exploraremos variações no atendimento das gestantes induzidas principalmente pela incidência diferenciada do parto cirúrgico entre as diferentes unidades de saúde. Como as gestantes geralmente optam pelo atendimento em hospitais mais próximos, a distância relativa da residência às unidades de saúde com diferentes práticas de parto cirúrgico gera variação exógena (tão boa quanto aleatória) no atendimento recebido por elas. Como medidas de desfecho, consideraremos: mortalidade materna e suas causas obstétricas, mortalidade infantil e seu componente neonatal precoce (0-6 dias) e tardio (7 a 27 dias), semanas gestacionais, prematuridade, peso ao nascer, Apgar e anomalias congênitas. Outros mediadores considerados na análise causal das distâncias serão os demais recursos existentes nas unidades de atendimento, como: leitos de UTI, experiência e características da equipe, disponibilidade de equipamentos, exames e infraestrutura. Ainda, este projeto contribui na primeira tentativa de georreferenciamento dos endereços do Cadastro Único e verificação da qualidade destes dados para uso em pesquisa e monitoramento de acesso aos serviços de saúde, com foco na população em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O resultado do georreferenciamento poderá ser visualizado na forma de mapas, gráficos, dashboards, entre outros. As informações geradas irão compor nova base de dados contendo, além das distâncias, várias medidas de desfecho de saúde materna/infantil no nível de estabelecimentos de saúde, enriquecida com informações socioeconômicas das famílias e características dos domicílios que cada estabelecimento de saúde atende. Construiremos um banco de dados contendo coordenadas geográficas das residências das mulheres e dos estabelecimentos de saúde (com atendimento à maternidade e primeira infância), e calcularemos as distâncias da residência das gestantes para os hospitais mais próximos. A metodologia empregada nessa pesquisa recupera relação de causa e efeito por meio de um modelo de regressão linear com variáveis instrumentais. No caso em questão, a variável instrumental é a distância relativa da gestante às unidades de saúde com diferentes práticas e/ou características, com base na qual mediremos a associação causal de tais práticas/características sobre os desfechos de saúde da gestante e do recém-nascido. Em suma, o projeto contribui para melhorar o entendimento sobre saúde materno-infantil no Brasil, com resultados que podem ser utilizados por gestores para aperfeiçoar o acesso aos serviços de saúde.
  • Fundação Getúlio Vargas - RJ - Brasil
  • Tue Jan 05 00:00:00 BRT 2021-Tue Jan 31 00:00:00 BRT 2023